Desse Tipo de Fantasma, Não Quero Ser

AI-ChatGPT4o-T.Chr.-C.Neves-Human Synthesis-23 April 2025
Essa Quaresma me pegou de jeito. Sem aviso, sem cerimônia—pá! Do nada, estava lá, tranquilo na cozinha, e no minuto seguinte parecia que um vírus intergaláctico tinha me abduzido.
Primeiro uma coceirinha na garganta. Depois, a cabeça pesada. Uns dias meio esquisitos… até que me derrubou de vez.
Claro, fiz o que todo velho macaco faz—culpei um vírus. Hoje em dia tudo é vírus. Encostou na geladeira? Vírus. Espirrou perto de uma planta? Vírus. Pensou uma besteira? Vírus também.
Mas no meio dessa doideira, me veio uma ideia meio estranha. E se não fosse só um vírus?
Quantas almas desencarnadas andam por aí, perdidas, grudadas nos cantos, carregando mágoas velhas como casaco puído? E se já é difícil ser assombrado, imagina ser o assombrador?
Pensa bem. A pessoa morre, mas em vez de descanso e musiquinha suave, fica vagando pelos quartos alheios, dando calafrio nos outros e causando piriri com energia ruim. Sussurra coisas que ninguém entende e ainda leva vela na cara de gente rezando apavorada.
Olha, eu não quero isso pra mim, não.
O dia que eu morrer, quero ir de uma vez só—limpo, reto, sem pendência. Sem ficar bisbilhotando a vida dos outros por detrás da cortina, nem me enroscar em desavença de 1997. Imagina passar a eternidade espiando o jantar alheio porque não conseguiu perdoar o cunhado? Misericórdia.
Já vi demais pra saber: rancor gruda. Fofoquinha suja. Mágoa cria raiz. Se a gente não solta agora, ela pode seguir a gente até onde a gente menos espera. Talvez assombração não seja castigo sobrenatural, mas só alma emperrada no que não resolveu.
Então cheguei a uma conclusão: viver leve. Perdoar sempre. Rir alto. Não alimentar drama. Não ser o motivo da insônia de ninguém.
Ser bênção, não história de fantasma.
E, pelo amor de Deus—devolva o pote de plástico.
Visão Filosófica – O Peso do Que Deixamos Para Trás
À primeira vista, Desse Tipo de Fantasma, Não Quero Ser é uma crônica leve e bem-humorada sobre doenças estranhas, sensações inexplicáveis e a ideia divertida (mas inquietante) de que talvez certas energias venham de outro lugar. Mas, por trás do bom humor, há uma reflexão profunda sobre energia, legado e libertação espiritual.
O texto nos lembra que, assim como carregamos dores físicas, também levamos conosco dores emocionais e espirituais—mágoas, culpas, ressentimentos, silêncios. E que, se não lidamos com isso em vida, essas cargas não desaparecem com a morte. Elas continuam—em nós, nos outros, nos espaços. Persistem como ecos mal resolvidos.
O conceito de "fantasma" aqui vai além do clichê sobrenatural. Fantasma é símbolo daquilo que não conseguimos soltar. É presença sem paz. É a alma estagnada, que não segue adiante porque está presa ao que ficou mal resolvido.
Quando o narrador diz que quer “partir de uma vez só”, ele expressa o anseio humano por uma morte consciente—não só biológica, mas espiritual. Uma passagem limpa, sem deixar atrás uma sombra de si. Um desejo de atravessar sem pendências, sem ruídos, sem precisar voltar aos corredores da vida alheia para "terminar conversas".
A mensagem final é clara e antiga como o tempo:
“A forma como vivemos define a forma como morremos.”
Viver com leveza, verdade, alegria e compaixão é o melhor antídoto contra qualquer assombração futura. Encarar nossas sombras agora é garantir que, um dia, não sejamos nós a escurecer o caminho de ninguém.
O coração filosófico do texto é este: Não nos tornemos o que tememos. Curemos o que carregamos. Para que, quando formos, sejamos paz—e deixemos paz.
(Origem - Cristiane Neves)
FIM.
